Sentou-se ao lado dela na varanda, naquela noite de lua nova e poucas estrelas. Olhos que fitavam o nada diziam muita coisa, o silêncio era gritante, assim como a verdade daquele momento. Vivendo uma realidade de mentirinha, espera o sol apontar no horizonte, e o canto dos primeiros passarinhos que anunciariam um novo dia inventado. Ficou imóvel. Ficaram. Por quanto tempo, quem sabe? Só ficaram. As palavras seriam vãs se fossem soltas na hora errada. Dessa vez tinha que ser certo, só dessa vez. Ele esperou, ela ansiou. Ansiou um momento, um olhar, um toque e mais uma daquelas palavras erradas. Ansiou uma atitude, ansiou algo real.
Pensamentos se voltaram para uma manhã de tempo fechado, o sol tímido por trás das nuvens tinha medo de mostrar sorrisos. O iluminar do dia era fraco, e, talvez por esse motivo, ele tenha notado o sorriso dela. Brilhando mais do que um raio de sol poderia brilhar. Seu olhar sereno fitando aquele céu azul de outono, no banco daquela praça no centro da cidade. Tudo tão tudo. Tudo tão nada. Tudo tão deles.
Foi de mais que se dissipou, como o vento fazendo ecos na janela, derrubando porta-retratos, espalhando lembranças, e indo embora. Indo sem tentar ficar. Indo e levando tudo. Só indo. Conforma-se, o verão nunca disse que ia durar para sempre, a chuva nunca disse que não voltaria chamais. Foi tão eterno quanto um segundo, e tão pleno quanto o céu pode ser azul. Foi. Um pretérito perfeito de lembranças.
O toque veio, gélido como deveria ser, na hora certa, tão verdadeiro que quase foi de mentira.
- Sol e lua… Se amam, mas se ofuscam, querida.
- Sempre em tempos opostos, vivendo sem realmente viver.
- Só prometa continuar iluminando meus escuros.
E ela prometeu. E ele partiu. E ambos continuaram, como deveria ser. Num pretérito totalmente imperfeito.
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